Depoimento

Falar da minha experiência com o tantra junto ao profissional em questão é, sem sombra de dúvida, falar de uma experiência de autoconhecimento e contato com conteúdos sombrios que até então escapavam ao meu campo de visão. Mas é, também, e sobretudo, falar de uma experiência de adoecimento que me colocou na contramão dos tantos relatos positivos comumente divulgados por essa instituição e pelo próprio terapeuta.

O acompanhamento terapêutico no contexto da Kaya Terapias se deu entre janeiro e abril de 2017, período durante o qual tive uma interação harmoniosa e positiva com o terapeuta, que – vale o registro – se revelou um sério e dedicado profissional. A grande questão é que me expor a esse tipo de trabalho trouxe à tona uma série de questões que, infelizmente, intensificaram um processo depressivo já em curso, culminando em um desalento que se fez expressar por meio de uma transferência amorosa para o terapeuta.

Em razão de profundas carências, imaturidade emocional, saúde mental e autoestima abaladas, faltou-me habilidade para lidar com tal transferência, que, havendo se arrastado ao longo de três anos e sendo, desde o início, do conhecimento do terapeuta, perdura até os dias atuais.

Muito embora eu não creia que o presente relato venha a ser publicado, parece-me importante dizê-lo, pois, dada a relação que o senso comum acredita haver entre tantra e sacanagem, é natural que leigos e curiosos se permitam tal experiência imaginando-a necessariamente prazerosa. Não obstante – a não ser que eu seja a única exceção – trata-se de um trabalho que pode vir a ser doloroso como qualquer outro processo terapêutico.

Nesse sentido, parece-me fundamental que, antes de entrar de cabeça em experiências afins, o interessado investigue se essas são de fato adequadas ao seu momento atual, demandas, crenças etc., colocando antes da curiosidade a responsabilidade sobre a própria saúde emocional. Eu não tive tal responsabilidade, e o preço pago por isso – além, claro, do investimento feito nas dispendiosas sessões, não pertencendo eu ao público-alvo desse tipo de serviço – foi uma depressão que, vale ressaltar, coloca em segundo plano a minha frustração por nunca haver tido nem mesmo um vislumbre dos famigerados orgasmos cósmicos exaustivamente alardeados pelo chamado Instituto Metamorfose.

É bem verdade que, por ora, a depressão se configura como o meu único ponto de vista possível, obnubilando tudo à minha volta e inviabilizando uma conclusão mais sóbria acerca do que quer que seja. Todavia, à medida que avanço no tratamento psicoterápico e medicamentoso, tenho clareza quanto ao fato de que as feridas abertas a partir da experiência com o tantra me impulsionaram a fazer alguns movimentos, garantindo-me, inclusive, importantes conquistas para a minha vida. Ademais, o estado depressivo intensificado a partir daquela experiência – mesmo que me levando a considerar o suicídio como possibilidade de saída; mesmo que me fazendo perder noites de sono e dias de trabalho; mesmo que me sugando a concentração e o vigor; mesmo que me prendendo por dias na cama; mesmo que me levando a descuidar da minha higiene pessoal; mesmo que me obrigando a gastos consideráveis na desesperada busca pela cura – foi e tem sido útil ao meu autoaprimoramento. Nesse sentido, seria equivocado afirmar que a experiência não me trouxe resultados, pois ela trouxe sim, mesmo que a duras penas.

Quanto ao terapeuta, devo dizer que a sua aparente serenidade, em conjunto com o hábito de evocar a experiência pessoal como forma de elucidar as questões trazidas pelo interagente, agrega significativo valor ao processo, criando uma moderada aproximação que, desde o início, faz da “cura” uma possibilidade palpável. Portanto, a despeito de algumas incongruências e de uma expressiva inabilidade para lidar com algumas questões – sobretudo no que tange a cômodos ainda pouco iluminados nele próprio –, Garjan se revela um competente e correto profissional.

Assim, mesmo que não dispondo de uma bem-sucedida experiência pela qual eu possa me congratular, desejo-lhes sucesso em seu trabalho... e sorte aos que a ele recorrerem.

A. G.

Conheça o instrutor desta atividade:

Alex Garjan

Terapeuta Tântrico formado pelo Instituto Comunna Metamorfose e certificado em todas as modalidades do Método Deva Nishok de Terapêutica Tântrica (Sensitive Massagem, Êxtase Total Massagem, Yoni e Lingam Massagem, G-Spot e P-Spot Massagem).Participou do Programa Flowing e residiu na Comunna Metamorfose por 6 meses, vivendo [...] Veja o perfil completo